quarta-feira, 6 de outubro de 2010

Espelho d'água.

Caminhava pela rua insanamente, a procura de saber quem era eu.
O tempo corria, parecia fugir de meus passos leves e despercebidos, a rua umedecida o ajudava deslizando entre as brechas que vazias procuravam algo qualquer para completá-las.
E foi numa dessas corridas incansáveis que avistei abaixo de meus pés uma minúscula poça d’água - pequena o suficiente para meu comprimento -, onde via meu reflexo abalado, gotas confusas e atormentadas movimentando-se sem cautela, caracterizando meu interior que se igualava sem preocupação.
A dor, a solidão e tristeza ali presentes inquietavam-se de felicidade por á tantas décadas terem continuas tarefas, continuas ressacas de irrealidade. Diziam gostar de mim, diziam jogar em meu inchado e molhado rosto que eu estava ali procurando sofrer, diziam que sem elas seria sem carne e osso.
Já estava farta de ouvir apelações tão profundas, continuei caminhando cabisbaixa, mas com passos pesados, ignorando o medo, ignorando a dor, que neste momento gritavam sufocadas clamando por atenção. 

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